terça-feira, 5 de outubro de 2010

HISTÓRIA DE TEOLANDIA

HISTÓRIA DE TEOLÂNDIA
Mata de Rio Preto assim era conhecida. Esse nome em homenagem ao rio que corta nossa cidade, com uma mata rica em variadas espécies da fauna e flora da Mata Atlântica. Próximo ao rio residia um velho conhecido com “JOÃO CABEÇA”, primeiro morador da localidade, que dava rancho aos viajantes e fazia a travessia de pessoas e alimentos, em canoas, de um lado para outro do rio.
Em 1940, iniciou-se a construção da Rodovia BA-02 que faziam a ligação entre Gandu e Santo Antônio de Jesus – Bahia. Desta forma, começaram a chegar os novos habitantes para a região. Foram eles: João Evangelista, conhecido por VANGE; Juvenal Rosário Moreira; João Batista dos Santos, sua esposa Marcelina de Jesus, e seus filhos Gerolina (Dona Geró), Olga e João Batista Filho (João Padeiro), que ganhou esse nome devido a sua profissão.
Não havia casas e a primeira foi construída pelo senhor João Batista para a sua família, era de taipa, coberta de palha, não tinha luxo, bancos madeira, camas tarimbas, fogão de lenha, potes, talhas, pratos e panelas de barro. Nessa época a energia elétrica não existia. A iluminação ficava a mercê da natureza, a lua ou por tochas que eram acesas às 6 horas da tarde e ficavam acesas até se apagarem. Todos dormiam cedo e acordavam cedo também.
As pessoas dessa época eram mais amigas e se preocupavam umas com as outras e se ajudavam mutuamente. A alimentação era feita à base de hábitos comuns como: peixes que existiam em abundância (traíra, piau, pitu e camarão), caças (tamanduás, pacas, capivaras, tatu, macaco, raposa, teiú, onça etc.) e comércio de secos e molhados (carne de baleia, bacalhau e carne do sertão).
O comportamento dos moradores era bem simples. As mulheres usavam vestidos de pregas, saias e blusas abaixo do joelho, sem decotes e com mangas feitos de um tecido chamado “chita e bulgariana”. Os homens usavam calças de tergal compridas e camisas de mangas curtas ou compridas. Os namoros só aconteciam a partir dos dezessete anos de idade. Nunca se via uma moça grávida sem ter se casado. A prostituição não existia, pois não era aceito pela sociedade da época. A homossexualidade era abominável. Apenas na década de 1960 havia um homossexual em Gandu, porém vivia isolado.
Em 1947, João Evangelista construiu a primeira casa coberta de telhas. Daí por diante foram surgindo novas construções. Passado algum tempo, o velho João Cabeça morreu, ficando seus parentes e amigos que eram Manoel Sizilio Lopes (Paizinho), Pedro Bispo Clemente (Pedro Velho) e Manoel de Cícero Ramos. Todas essas pessoas moravam em casas cobertas de palhas, paredes de sopapo chão batido.

Nessa época, o senhor João Evangelista era comerciante à margem da BA-02, período em que chegavam para região o Senhor João Fernandes e sua esposa procedente do município de Valença-Bahia. Decorrido alguns anos de atividades comerciais, surgiu mais um comerciante da cidade de Gandu-Bahia, o Sr. Zacarias Borges de Oliveira, proprietário de uma casa que vendia secos e molhados por nome de Casa Sertaneja.
Em 1952, com o surgimento da política em Taperoá-Bahia, a qual a localidade do Rio Preto pertencia nessa ocasião, o senhor Zacarias foi o baluarte e deu a vitória duas vezes aos candidatos Vitor Meireles e Torquato Gonçalves Guimarães. Nos anos de 1954 e 1958, o senhor Zacarias candidatou-se a vereador pelo PSD (Partido Social Democrático), sendo vitorioso com expressiva votação.
No ano de 1962, Zacarias Borges de Oliveira na qualidade de vereador de Taperoá-Bahia, resolveu lutar pela emancipação política do Distrito de Burietá, que havia tomado a categoria de Distrito no ano de 1954, Lei sancionada pelo então Governador Luiz Régis de Pacheco Pereira.
Na tentativa de emancipação, nasceu um diálogo entre Constantino de Souza Carneiro (Marinho), Antônio França Jenkens e Zacarias Borges de Oliveira, entre amigos e parentes. Muitos nomes foram cogitados para dar nome ao novo município, mas, surgiu o nome de TEOLÂNDIA, que significa “TERRA DE DEUS”. Após a aprovação na Assembléia Legislativa, foi sancionada pelo Excelentíssimo Sr. Governador do Estado da Bahia, Dr. Juracy Magalhães, cuja Lei recebeu o número 1727 de 19 de julho de 1962. No mesmo ano foi realizada a primeira eleição, sendo candidato único o senhor Zacarias Borges de Oliveira, que tomou posse em 07 de abril de 1963. Retornou novamente à prefeitura em 1979. Sendo seu sucessor em 1967 o senhor Adauto Queiroz Guimarães e um segundo mandato em 1974. No ano de 1971, tomou posse pela primeira vez João Ramos de Oliveira. Em mais duas oportunidades João Ramos (Joãozito) participou do pleito e foi eleito em 1982 e 1996. Em 1989, Luiz Carlos de Lima tomou posse pela primeira vez, retornando novamente em 2001 para um segundo mandato. Em 2005, assume o atual prefeito Antônio Santana Júnior.
Teolândia é uma terra abençoada como já diz o seu nome. Seu clima é temperado, úmido a sub-úmido, com um relevo que apresenta bastantes declividades. A sua população é formada por aproximadamente 12,5 mil habitantes. Alguns serviços públicos são oferecidos à população local com a Embasa (Empresa Baiana de Saneamento e Água), fornecendo água tratada, serviço de coleta de lixo, energia elétrica. Possui uma Unidade Hospitalar denominada de Fundação Hospitalar de Teolândia, uma agencia dos Correios, os serviços bancários do Bradesco, dezenas de supermercados e os serviços de três farmácias, além de panificadoras, lanchonetes, pizzaria entre outros estabelecimentos.
Na agricultura destacam-se o cacau, banana, guaraná, cravo, pimenta-do-reino e maracujá, entre outros produtos. Na pecuária destacam-se os bovinos, caprinos, suínos e eqüinos. A religião é predominantemente cristã, dividindo-se entre católicos e protestantes.
Outras personagens foram muitos importantes na história desse município. Uma personalidade marcante foi a do vice-prefeito João Pastorinha de Assunção. Através de sua persistência em ter uma melhor educação para seus filhos e as pessoas da “Terra de Deus” construiu a primeira escola do município. Junto à comunidade bancou a vinda de uma professora para ensinar aqui nesta terra. Mais tarde, junto ao governo do Estado construíram a primeira escola de ensino médio para capacitar os jovens dessa cidade, o Colégio Cenecista Líbia Tinôco Melo, priorizando o magistério para que os futuros professores fossem filhos da terra.
Este trabalho só foi possível graças ao trabalho de pesquisa realizada pela professora Rita de Cássia Neves, estudante do curso de História pela FACSA, e Julival de Melo Almeida, graduado em Geografia pela Universidade do Estado da Bahia, junto a moradores antigos da cidade, dentre eles evidenciam-se o senhor João Benedito Fernandes (In memorian), a senhora Escolástica (1ª professora), o senhor Zacarias Borges de Oliveira (In memorian), a professora Tânia Assunção e os depoimentos de D. Geró e D. Olga.

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